sábado, 19 de fevereiro de 2011

Aula 1,2 e 3 - 1º Colegial

1M1 - O estudante e a sociedade

Antes de tudo é preciso conhecer e ter o entendimento de um dos conceitos chaves da Sociologia que é a Sociedade:

SOCIEDADE: organização humanamente fundada ou sistema de inter-relações que articula indivíduos numa mesma cultura. Todos os produtos da interação humana, a experiência de viver com outros em torno de nós. Os humanos criam suas interações e, uma vez criados os produtos dessas interações, têm a capacidade ou o poder reverter sobre os humanos a fim de determinar ou limitar ações. Com freqüência, experimentamos a sociedade (organização humanamente fundada) como algo externo aos indivíduos e às interações que a fundam.

- Na sociedade encontramos uma rede complexa em que indivíduos desempenham funções variadas e complementares.

- O estudante cumpre um papel/função dentro da sociedade. As vezes não conseguimos visualizar seu destaque devido seu caráter submisso às diretrizes educacionais.

- Mas qual é o papel do estudante?

- Muita das vezes é relacionada na idéia que vincula o jovem à sociedade.

- O estudante é parte e agente das transformações movidas pelas ações humanas. Ele é a possibilidade de inovação, caso esteja inserido de forma crítica na sociedade e não apenas como um receptor passivo das informações. Pode, portanto transformar informações absorvidas em conhecimento.

O que é a sociologia?

- Podemos dizer em linhas gerais que a Sociologia é a ciência que tem como estudo as relações sociais e interações humanas. É o conhecimento relativo ao homem e à sociedade mas apenas na medida em que o pode obter cientificamente.

- Podemos considerar também a sociologia como “autoconsciência crítica da realidade social”, pois é uma ciência em que o próprio homem é o objeto de reflexão e estudo.

- A Sociologia procura emancipar o entendimento humano sobre a sociedade desvencilhando-se do senso comum. Possui discursos e métodos científicos próprios.

Quando surge?

- A Sociologia enquanto campo delimitado do saber científico surge apenas em meados do século 19 na Europa, contexto de uma revolução multifacetada que tem como protagonista a burguesia.

- A Europa nesse momento histórico passa por um período marcado por uma instabilidade expressa na forma de crises nos diversos âmbitos da vida material, cultural e moral.

- A trajetória da Sociologia no Ocidente, só começa a ser delineada com o movimento político e intelectual conhecido como Iluminismo (Inglaterra, Holanda e França, 1590 - séc XVII e XVIII), que exerceu enorme influência no século XVIII, propondo reformas no interesse das classes privilegiadas (elite), conforme leis que regeriam ao mesmo tempo a sociedade, o universo e a natureza e a Revolução Industrial (Inglaterra, 1750 com introdução da máquina a vapor - séc. XVIII em diante). Em seguida, após a Revolução Francesa ( França, 1789 – 1799 ) e a queda do Antigo Regime ( regime político vigente na França até a Rev. Francesa ) , a Sociologia adquiriu os traços que ostenta hoje em dia, aos poucos destituindo-se da roupagem de ciência ética, de filosofia política ou social, preocupada em determinar uma ordem justa das relações humanas, para concentrar-se na descrição e interpretação dos elementos — desempenhos, grupos, valores, normas e modelos sociais de conduta — que determinam a integração dos sistemas sociais.

Revolução

Século / Ano

Esfera de atuação e impacto

Iluminismo

a partir de 1590, séc. XVII – XVIII

ideológica

Industrial

segunda metade do séc. XVIII ( 1750 )

econômica

Francesa

segunda metade do séc. XVIII ( 1789 )

política

- O triunfo da indústria capitalista na revolução industrial desencadeou uma crescente industrialização e urbanização, o que provocou radicais modificações nas condições de existência e nas formas habituais de vida de milhões de seres humanos. Estas situações sociais radicalmente novas, impostas pela sociedade capitalista, fizeram com que a sociedade passasse a se constituir em "problema". Surge também uma novas classes sociais constituídas pela burguesia e proletariado.

- As transformações econômicas que o ocidente europeu presenciou desde o século XVI, provocaram modificações na forma de conhecer a natureza e a cultura. A partir daí, o pensamento deixa de ter uma visão sobrenatural para a explicação dos fatos da natureza e passa a ser substituído pelo uso da razão. Em relação a isso o Iluminismo contribui reivindicando o emprego sistemático da razão para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da revelação e para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura.

- A revolução francesa contribuiu para o surgimento da sociologia na medida em que o objetivo dessa revolução era mudar a estrutura do Estado monárquico e, ao mesmo tempo, abolir radicalmente a antiga forma de sociedade; promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural, etc; além de desferir seus golpes contra a Igreja.

- Principais conseqüências da Revolução Industrial:

l O fim do produtor independente

l Êxodo rural e explosão demográfica urbana

l Processo de proletarização

l Miséria (doenças, prostituição, suicídios, alcoolismo, violências, etc.)

l Primeiras manifestações operárias (ludismo, cartismo)

l Criava-se uma sociedade altamente competitiva e individualista

- Principais conseqüências do Iluminismo:

l Derrocada do Teocentrismo como forma explicativa do mundo

l Consolidação do Liberalismo

l Notório desenvolvimento das Ciências Naturais e Humanas

- Principais conseqüências da Revolução Francesa:

l Queda do Estado monárquico e origem do Estado Moderno Burguês (executivo, legislativo e judiciário).

l Criação do Estado Laico e fim do predomínio político da autoridade da Igreja Católica.

l Burguesia toma o Estado e assume papel hegemônico

- O conjunto desses processos históricos trouxe não somente progressos como também uma infinidade de problemas sociais que conturbaram a Europa do século XIX.

- Esse “turbilhão social” faz com que surjam intelectuais preocupados e propostos a por uma “ordem social” oriunda dessas revoluções.

- Neste contexto é que surge a Sociologia.

- Pensadores como Tocqueville, Monstesquieu, Le Play, Saint-Simon, Augusto Comte entre outros vão sistematizar e refletir sobre a realidade social da época.

Os primeiros sociólogos

- O termo Sociologie foi cunhado por Auguste Comte, que esperava unificar todos os estudos relativos ao homem — inclusive a História, a Psicologia e a Economia. Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, (corrente que teve grande força no século XIX), e ele acreditava que toda a vida humana tinha atravessado as mesmas fases históricas distintas e que, se a pessoa pudesse compreender este progresso, poderia prescrever os remédios para os problemas de ordem social.

- Em relação ao Positivismo:

l Corrente científico-filosófica que foi umas das precursoras da Sociologia. Seus precursores foram Saint-Simon e Augusto Comte (discípulo de Saint-Simon, que inclusive criou o termo “Sociologia”).

l Era baseada principalmente na afirmação das ciêcias experimentais.

- Podemos caracterizar três premissas básicas no positivismo:

1. A Sociedade é regida por leis Naturais, isto é, leis invariáveis, independentes da vontade e da ação humana; na vida social, reina uma harmonia natural.

2. A Sociedade pode, portanto, ser Epistemologicamente assimilada pela Natureza e ser estudada pelo métodos, trajetória e processos empregados pelas Ciências da Natureza.

3. As Ciências da Sociedade, assim como as da Natureza, devem limitar-se à observação e à explicação causal dos fenômenos, de forma objetiva, neutra, livre de julgamentos de valor ou Ideologias, descartando todas as pré-noções e preconceitos (neutralidade axiológica).

Auguste Comte

- A contribuição principal de Comte à filosofia do positivismo foi sua adoção do método científico como base para a organização política da sociedade industrial moderna.

- O estado positivo corresponde à maturidade do espírito humano. O termo positivo designa o real em oposição ao quimérico, a certeza em oposição à indecisão, o preciso em oposição ao vago. É o que se opõe as formas teológicas ou metafísicas de explicação do mundo. Ex: a explicação da queda de um objeto ou corpo: o primitivo explicaria a queda como uma ação dos deuses; o metafísico Aristóteles explicaria a queda pela essência dos corpos pesados, cuja natureza os faz tender para baixo, onde seria seu lugar natural; Galileu, espírito positivo, não indagaria o porquê, não procuraria as causas primeiras e últimas, mas se contentaria em descrever como o fenômeno da queda ocorre.

- Não era apenas quanto ao método de investigação que a filosofia positivista se aproximava das ciências da natureza. A própria sociedade foi concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente, segundo um modelo físico ou mecânico. Por isso o positivismo foi chamado também de organicismo.

Lei dos Três Estados - características

Estado Teológico

Estado Metafísico

Estado Positivo

- tudo tem origem no sobrenatural
- época dos sacerdotes e militares
- domínio da organização militar

- tudo tem origem na razão, na natureza e em forças misteriosas|
- época jurídica
- prevalece a organização jurídica

- ciência substitui a razão, natureza e forças misteriosas
- época industrial
- predomínio do intelectual, principalmente o sociólogo|- a economia se junta à sociologia para, juntas, guiarem os destinos da organização social

Dividiu a Sociologia em dois campos principais: Estática social, ou o estudo das forças que mantêm unida a sociedade; e Dinâmica social, ou o estudo das causas das mudanças sociais.

ESTUDO DA ESTÁTICA SOCIAL = ORDEM

ESTUDO DA DINÂMICA SOCIAL = PROGRESSO

Alguns CONCEITOS BÁSICOS da Sociologia

CULTURA: conjunto de tradições, regras e símbolos que dão forma a, e são encenados como, sentimentos, pensamentos e comportamentos de grupos de indivíduos. Referindo-se principalmente ao comportamento adquirido, por oposição ao dado pela natureza ou pela biologia, a cultura tem sido utilizada para designar tudo o que é humanamente criado (hábitos, crenças, artes e artefatos) e passado de uma geração a outra. Nessa formulação, a cultura distingue-se da natureza e distingue uma sociedade da outra.

LINGUAGEM: um sistema de símbolos verbais através dos quais os seres humanos comunicam idéias, sensações e experiências. Por meio da linguagem estes podem ser acumulados e transmitidos através das gerações. A linguagem não é somente um instrumento ou um meio de expressão, ela também estrutura e molda nossas experiências do mundo e o que observamos ao nosso redor.

VALORES: idéias que as pessoas compartilham sobre o que é bom, mau, desejável e indesejável. Normalmente eles são muito gerais, abstratos e transcendem variações situacionais.

NORMAS: regras comportamentais ou padrões de interação social. Em geral derivam dos valores, mas podem também contrapor-se a eles, e servem como guias para julgamento dos comportamentos individuais. As Normas estabelecem expectativas que dão forma às interações.

“Cultura. Aqueles padrões de significado que qualquer grupo ou sociedade utiliza para interpretar e avaliar a si próprio e sua situação.” Bellah e outros, Habits of the Heart

1985:333

“Cultura. Um sistema adquirido e duradouro de esquemas de percepção, pensamento e ação, produzidos por condições objetivas, mas tendendo a persistir mesmo após uma alteração dessas condições.” Bourdieu, The Inheritors. 1979.

“Hábitos. Um conjunto de relações históricas ‘depositadas’ no interior dos corpos individuais sob a forma de schemata mentais e corpóreos de percepção, apreciação e ação.” Bordieu

“Cultura. O que significa agir segundo a própria cultura é, de modo geral, seguir as próprias inclinações assim como foram desenvolvidas pela aprendizagem com outros membros da própria comunidade. Hannerz, Soulside, 1969:177.

“Cultura. Refere-se ao repertório aprendido de pensamentos e ações, exibidos por membros de grupos sociais – repertórios [transmitidos] independentemente da hereditariedade genética de uma geração à outra.” Harris, Cultural Materialism, 1979:47

“Cultura. Veículos simbólicos de significado, incluindo crenças, práticas rituais, formas de arte, cerimônias, bem como práticas... informais, tais como a linguagem, a fofoca, histórias e rituais da vida diária.” Swidler, “Culture in Action”, 1986:273

“Cultura. O cultural é a elaboração criativa, variada, potencialmente transformadora de algumas relações sociais/estruturais fundamentais da sociedade.” Willis, Learning to Labor. 1977:137

ORGANIZAÇÃO SOCIAL: O arranjo das partes constituintes da sociedade, a organização de posições sociais e a distribuição de indivíduos nessas posições.

STATUS: nichos e posições socialmente definidos (aluno, professor, administrador).

PAPEL: cada status porta um feixe de comportamentos esperados: como uma pessoa naquele status deve pensar, sentir, assim como as expectativas sobre como devem ser tratadas por outras. O feixe de de deveres e comportamentos esperados que se fixou num padrão de conduta consistente e reiterado.

GRUPO: duas ou mais pessoas interagindo regularmente com base em expectativas comuns sobre o comportamento dos outros; status e papéis interrelacionados.

INSTITUIÇÕES: padrões de atividade reproduzidos através do tempo e espaço. Práticas repetidas de forma regular e contínua. As instituições tratam com freqüência dos arranjos básicos de vivência que os humanos elaboram nas interações uns com os outros e por meio dos quais a continuidade através das gerações é alcançada. Os blocos básicos de construção das sociedades. As instituições sociais são como edifícios que vão sendo constantemente reconstruídos pelos próprios tijolos de que são feitos.

ESTRUTURA SOCIAL: A estrutura refere-se ao padrão numa cultura e a organização através da qual a ação social tem lugar; arranjos de papéis, organizações, instituições e símbolos culturais que são estáveis ao longo do tempo, muitas vezes despercebidos, cuja mudança é quase invisível. A estrutura tanto permite quanto restringe o que é possível na vida social. Se um edifício fosse uma sociedade, as fundações, as colunas de suporte e as vigas seriam a estrutura, que tanto constrangem quanto permitem os vários arranjos espaciais e os tipos de ambiente (papéis, organizações e instituições). Schemata e recursos (materiais e humanos) através dos quais as ações sociais tem lugar, são padronizados e institucionalizados. Incorporam tanto a cultura quanto os recursos da organização social.

Estrutura social. O conjunto organizado de relações sociais no qual os membros da sociedade ou do grupo estão diferentemente implicados. Comportamento e relações padronizados. “Arranjos padronizados de conjuntos de papéis, conjuntos de status e seqüências de status podem ser mantidos para compreender a estrutura social.” Merton, Social Theory and Social Structure, pág. 370.

“Estrutura Social. Arranjos padronizados de conjuntos de papéis, conjuntos de status e seqüências de status conscientemente reconhecidos e em operação sistemática numa determinada sociedade, intimamente ligados às normas, políticas e sanções legais.” Turner. Drama, Fields and Metaphors, 237.

“Estrutura Social. Sistemas relativamente estáveis de relações sociais e oportunidades nas quais os indivíduos se encontram e por meio das quais são vitalmente afetados, mas sobre as quais a maioria não tem controle e cuja natureza exata normalmente desconhece.” Greenfield. Nationalism, pág. 2.

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: a divisão sócio-econômica da população em camadas ou estratos. Quando falamos em estratificação social, chamamos atenção para as posições desiguais ocupadas pelos indivíduos na sociedade. Nas sociedades tradicionais de grande porte e nos países industrializados de hoje, há estratificação em termos de riqueza, propriedade e acesso aos bens materiais e produtos culturais.

RAÇA: um grupo humano que se define e/ou é definido por outros grupos como diferente...em virtude de características físicas inatas e imutáveis. Um grupo socialmente definido com base em critérios físicos.

ETNIA: práticas culturais e pontos de vista de uma determinada comunidade, pelos quais se diferenciam de outras. Os membros de grupos étnicos vêem a si mesmos como culturalmente distintos de outros grupos da sociedade e são vistos como tal pelos outros grupos. Muitas características diferentes podem distinguir os grupos étnicos uns dos outros, porém, as mais comuns são a linguagem, a história ou a ancestralidade – real ou imaginada, a religião e os estilos de vestuário. As diferenças étnicas são completamente adquiridas.

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